Nos 50 anos do II Concílio Vaticano e da constituição
sobre a Igreja, Lumen Gentium:
“FAZER
DA IGREJA A CASA E A ESCOLA DA
COMUNHÃO: eis
o grande desafio que nos espera no milénio que começa, se quisermos ser fiéis
ao desígnio de Deus e corresponder às expectativas mais profundas do mundo.
Que significa isto em concreto?
Também aqui o nosso pensamento poderia fixar-se
imediatamente na acção, mas seria errado deixar-se levar por tal impulso. Antes
de programar iniciativas concretas, é preciso promover uma espiritualidade
da comunhão, elevando-a ao nível de princípio educativo em todos os lugares
onde se plasma o homem e o cristão, onde se educam os ministros do altar, os
consagrados, os agentes pastorais, onde se constroem as famílias e as
comunidades.
Espiritualidade da comunhão significa em
primeiro lugar ter o olhar do coração voltado para o mistério da
Trindade, que habita em nós e cuja luz há-de ser percebida também no rosto dos
irmãos que estão ao nosso redor.
Espiritualidade da comunhão significa
também a capacidade de sentir o irmão de fé na unidade
profunda do Corpo místico, isto é, como “ um que faz parte de mim “, para saber
partilhar as suas alegrias e os seus sofrimentos, para intuir os seus anseios e
dar remédio às suas necessidades, para oferecer-lhe uma verdadeira e profunda
amizade.
Espiritualidade da comunhão é ainda a capacidade de ver antes de mais nada o que há de positivo no outro,
para acolhê-lo e valorizá-lo como dom de Deus: um “dom para mim”, como o é para
o irmão que directamente o recebeu.
Por fim, espiritualidade da comunhão é
saber “ criar espaço “ para o irmão, levando “ os fardos
uns dos outros “ (Gal 6,2) e rejeitando as tentações egoístas que sempre
nos insidiam e geram competição, arrivismo, suspeitas, ciúmes. Não haja
ilusões! Sem esta caminhada espiritual, de pouco servirão os instrumentos
exteriores da comunhão. Revelar-se-iam mais como estruturas sem alma, máscaras
de comunhão, do que como vias para a sua expressão e crescimento”.
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